Alessandra Pierelli

Alessandra Pierelli reinterpreta símbolos pop e objetos de consumo através de esculturas tridimensionais que combinam estética e crítica social. A artista observa o universo imaginário dos quadrinhos, dos doces e da cultura popular com um espírito lúdico e divertido, mas também abraça temas profundos e provoca reflexão com uma atitude pop-conceitual. Com a série Dolcemente Pungente, Pierelli transforma corações, doces e chocolates em ícones visuais que jogam com a ambiguidade, utilizando percevejos, resina e poliestireno para criar obras que oscilam entre uma leveza aparente e uma tensão emocional mais profunda. Como a própria artista explica, o percevejo é “dupla face”: colorido e brincalhão na superfície, mas afiado e penetrante por baixo, simbolizando a vulnerabilidade que se esconde por trás de fachadas lúdicas.

Em suas obras, ela explora frequentemente o tema do “pop food”, atribuindo significado a objetos relacionados ao universo da alimentação, desde a estética das sobremesas até o imaginário emocional a elas associado. Por meio de ampliações e transformações, Pierelli eleva esses objetos a símbolos monumentais do consumismo, em um diálogo entre tradição e inovação que remete ao imaginário icônico da pop art. No entanto, sua abordagem introduz um nível sutil de ironia: os doces, esculpidos em resina e decorados com percevejos coloridos como se fossem deliciosos Smarties, escondem sua natureza metálica e pontiaguda sob a superfície, representando cicatrizes e feridas ocultas. Outros temas de suas obras coloridas são super-heróis e símbolos da cultura de massa, sempre reinterpretados de maneira lúdica, fantástica, colorida e pop. O crítico de arte Angelo Crespi, diretor da Accademia di Brera e do Cenacolo Vinciano, descreve Pierelli como uma artista capaz de reelaborar e subverter o “pop food” com ironia patafísica, utilizando materiais familiares que, retirados de seu contexto, revelam novas funções estéticas e conceituais. Seu trabalho, de fato, situa-se na fronteira entre o real e o ilusório: o público é convidado a questionar o significado profundo dessas formas, que são apenas aparentemente alegres. A artista joga com a percepção do observador, criando um equilíbrio entre estética pop e uma reflexão aguda sobre a fragilidade e as contradições do mundo contemporâneo.